sábado, 16 de abril de 2011

vale muuuuito a pena ler ;/

Querida mamãe, hoje fui à reunião do grupo de apoio e a Mary sugeriu que lhe escrevesse uma carta mesmo que não possa mais entregá-la. Ela disse que eu me sentiria mais próxima de você e que talvez houvesse coisas que gostaria de lhe contar.Vim escrever em nossa casa, estou sentada na cozinha. A casa já está à venda, mas neste instante posso quase fingir que você está deitada em seu quarto, ou que está trabalhando e estou esperando que você chegue para me contar sobre os bebês que nasceram, ou me dar um abraço. O pior foi quando olhei para a porta da geladeira, à procura de um bilhete seu, e não encontrei nada. A porta da geladeira estava branca e vazia. Fiquei chorando por séculos.Estou com saudade, mãe. Queria que ainda estivesse aqui com a gente. Gosto de morar com o papai, mas queria que você ainda estivesse aqui. Não entendo por que tiveram que tirá-la de mim, ou por que você teve que ficar doente, ou por que teve que morrer tão depressa quando tanta gente sobrevive a essa doença. Por que teve que ser assim? Como você pôde simplesmente ir embora? Como pôde me deixar? É como se eu estivesse zangada com você, mãe. Não é uma idiotice?Você se lembra de como o outono foi mais bonito? De como olhávamos pela janela do quarto à medida que você adoecia, admirando os tons amarelos e vermelhos do nascer do sol? Você lutou tanto, mãe.Odeio que tenha sido tão difícil para você.O inverno foi longo e frio. Tenho ido à escola, mas parece que estou sempre numa espécie de bruma. A Emma tem sido muito gentil, o James também, e a Gina tem sido ótima, mãe, você não ia acreditar. Mas eles não são você. O Natal foi horrível.Mary tinha razão. Realmente me sinto melhor escrevendo para você, embora tenha me feito chorar como não fazia há meses. Ela diz que é normal ficar triste, zangada, confusa. Não me parece normal. Não mesmo.O Peter está bem. Montei a gaiola dele na casa do papai, e, quando faço carinho nele, lembro do verão e do outono que passamos juntas, fazendo aqueles álbuns de fotografia, comendo o que a Gina preparava, tentando nos conhecer melhor. Posso até me esquecer de como foi difícil para você no fim, mas jamais me esquecerei de como você foi forte e corajosa. Tenho uma foto de você sentada numa cadeira de rodas no hospital. Seus olhos estão lindos e grandes. Você parece surpresa, mãe, como se tivesse sido pega desprevenida.Parece que nós duas fomos pegas de surpresa.Queria que tivéssemos mais tempo, mãe. Acho que isso é tudo o que tenho a dizer. Queria ter tido mais tempo para ficar com você. Mas fico feliz pelo tempo que tivemos. Muito feliz. Quando voltar para a casa do papai, vou folhear os álbuns e vou me lembrar de tudo.Acho que vou deixar essa carta aqui para você. Nesta cozinha vazia. Assim, se você voltar para casa vai saber que eu te amo e que sinto sua falta. Por favor, não se preocupe comigo.Sua filha,Claire - A VIDA NA PORTA DA GELADEIRA
Precisamos valoriza-las enquanto a tempo.

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